Audiência Pública proporciona debate para esclarecimentos sobre criação da Superintendência Municipal de Saneamento Básico
Conforme divulgado em aviso de pauta,
nesta quinta-feira, 21, a Câmara Municipal de Imperatriz realizou uma Audiência
Pública para tratar sobre o Projeto de Lei encaminhado pelo Poder Executivo, no
017/2021 e que visa a criação da Superintendência Municipal de Saneamento
Básico em Imperatriz. A audiência foi conduzida pela Comissão Permanente de
Constituição e Justiça (CCJ) responsável pela relatoria do projeto e contou com
a presença dos representantes da Prefeitura de Imperatriz, da Companhia de
Saneamento Ambiental do Maranhão (CAEMA) e dos representantes das associações
de bairros da cidade.
O presidente da CCJ, Fábio Hernandez
(PP), destacou a importância da audiência pública e a oportunidade que todos
tiveram para tomar conhecimento, pelas explicações dos integrantes da administração
direta do município, sobre o que se pretende com a criação da Superintendência
Municipal de Saneamento Básico.
“ Foi uma audiência pública muito
proveitosa para que todos tomassem conhecimento sobre as pautas que envolvem a criação
da superintendência, como as questões do Marco Legal de Saneamento, de drenagem
e tratamento da água. Se vale a pena a quebra de contrato, como ficarão os
servidores. A superintendência municipal irá resolver os problemas de
abastecimento de água? Enfim, obtemos informações de grande valia para embasar
a comissão de justiça na produção do parecer”, afirmou o presidente da CCJ que
ainda pediu união entre município e estado para a busca de melhorias na cidade.
O secretário de Infraestrutura e
Serviços Públicos, Zigomar Filho, esteve presente na audiência e explicou sobre
a iniciativa da Prefeitura de Imperatriz em criar a Superintendência e
salientou que busca atender demandas do Pacto Federativo do Saneamento,
exigidas desde a aprovação do Marco do Saneamento Básico no Congresso Nacional
e de responsabilidade de cada município.
De acordo com o secretário, para
atender as questões é preciso o município ter um departamento específico para “
planejar, buscar parcerias e buscar investimentos que possam estudar a bacia
hidrográfica da cidade e trabalhar num projeto efetivo para a cidade” e
respondeu aos questionamentos dos parlamentares quanto a possível privatização
da água na cidade.
“ Temos um problema histórico em
Imperatriz que é a falta de abastecimento de água em diversos bairros e a
presença da população é importante aqui pra firmar o que estamos falando.
Precisamos resolver definitivamente isso. Aqui a concessão é da CAEMA que
realiza esse serviço. Esse projeto de Lei que está sendo debatido é para que
possamos ter uma futura estrutura administrativa para cuidar dos contratos
existentes e dificuldades que temos hoje com a CAEMA, não se trata de
privatização, a criação não terá custos para a cidade”, explicou o secretário
que também afirmou ter dificuldades para obter respostas da empresa para
elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico da cidade.
Rosa Arruda, secretária de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos, participou e, também, se manifestou durante a
audiência, reafirmando a necessidade de um Plano de Saneamento Básico para que
a população tenha a certeza que outras gerações não irão sofrer com os
problemas que, atualmente, são frequentes na história da cidade.
“ O abastecimento de água é uma
grande dificuldade que temos na cidade e o que queremos aqui é criar soluções e
mecanismos para termos ferramentas para fiscalizar de maneira mais efetiva e
resolver os problemas que temos hoje no município”, afirmou Rosa.
O secretário de Agricultura,
Raimundo Roma, lembrou que os tributos arrecadados, atualmente, no pagamento da
conta de água são divididos entre diversos outros municípios e defendeu que “ os
tributos que são arrecadados em Imperatriz continuem na cidade, para serem
investidos na região”.
“ Precisamos cuidar melhor do nosso
esgoto e o principal, do nosso Rio Tocantins. Economicamente é viável essa
proposta e, só assim, poderemos levar água de qualidade para todos os bairros e
povoados. Será a salvação da nossa sociedade. Daqui alguns dias vem outra
equipe, mas eles terão recursos para cuidar da nossa água, do nosso esgoto e
dos nossos rios. Estamos discutindo sobre a oportunidade de administrar o
recurso que chega na nossa cidade para atender à necessidade do nosso povo. É
bom para cidade, é bom para as futuras gerações”, afirmou Roma.
Foi aberto espaço para o diretor
regional da Caema, Adonilson Lima, para manifestação sobre o projeto em pauta
e, na oportunidade, esclareceu sobre questionamentos feitos por vereadores e
pela própria Prefeitura sobre pontos delicados da prestação do serviço na
cidade.
“ A Caema sempre contribuiu e lutou
para continuar melhorando nossa prestação de serviços de saneamento, ampliando
a rede de abastecimento para oferecer água para todos. Se ocorrer um processo
de privatização da Caema, tememos pelo valor que será cobrado para o povo e,
por isso, estamos aqui para defender que a empresa continue sendo pública”,
afirmou Adonilson.
Célio Henrique, secretário de
Articulação Política, reforçou a dificuldade em obter respostas dos ofícios
enviados para a CAEMA e a necessidade do retorno dos esclarecimentos
solicitados para a conclusão do Plano Municipal de Saneamento. Segundo o secretário
é fundamental deixar “partidos e as ideologias de lado“ para avançar em soluções
que influenciam na saúde da população.
“Não é mais possível ficarmos
aparecendo de forma negativa na imprensa com índices de hanseníase elevados
devido a falta de esgoto na cidade. Precisamos de resultados positivos para
melhorar o abastecimento de água e queremos receber o plano de metas e
investimentos da Caema para os próximos 10 anos para buscarmos soluções
concretas para a cidade”, afirmou Célio.
Vereadores
Todos os vereadores presentes no
plenário aproveitaram a audiência para esclarecer dúvidas quanto ao projeto de criação
da Superintendência antes da votação do projeto na Casa e, também, aproveitaram
para cobrar por respostas e melhorias na prestação de serviço de água e esgoto na
cidade.
“Estamos entre a cruz e o punhal, a
CAEMA tem problemas muito grandes, esgoto a céu aberto, falta de saneamento, e
deficiência no fornecimento, mas o governo municipal também nos deixa
preocupados sobre a quebra de contrato e a inclusão de uma nova empresa.
Precisamos de clareza e entender com irá funcionar essa superintendência. Para
mim parece que estão colocando a carroça na frente dos bois”, alertou Ricardo
Seidel (PSD).
O vereador Carlos Hermes (PCdoB)
manifestou preocupação com a criação de cargos que podem trazer ainda mais
despesas aos cofres públicos e pontuou a falta de transparência e informações no
projeto.
“ A CAEMA é muito atacada, mas o que
estão é fazendo são manobras para parecer que a situação é pior que a
realidade. Nunca houveram tantos investimentos como agora, e precisamos trazer
essas verdades através de debates francos. O que estão passando para a cidade é
que irão privatizar e resolver todos os problemas, e isso é uma grande mentira.
O pano de fundo é o dobro do valor da cobrança, onerando ainda mais o bolso do Imperatrizense”,
explicou.
O vereador Chiquim da Diferro (DEM)
defendeu a municipalização da Caema, para que os tributos arrecadados
permaneçam na cidade e não sejam distribuídos para outros municípios e lamentou
a politicagem em cima do tema.
“São Luís busca água a 77km de
distância, aqui temos o rio e a CAEMA não dá conta de atender os bairros. Essa
luta não é de agora. O problema é que a empresa é falida. Arrecada em Imperatriz,
leva para a capital e não traz nada de volta. Esse é o motivo de estarmos nesta
situação. O que falta é respeito com o povo de Imperatriz. Isso vem de vários
governadores, o que faltam são recursos investidos na cidade e só se resolverá
com a municipalização”, afirmou Chiquim.
Já o vereador Flamarion Amaral
(PCdoB) lastimou a falta de diálogo entre a gestão municipal e estadual e
enfatizou que a decisão de privatizar será decidida pelo plenário.
“Não estou aqui para defender CAEMA
ou prefeitura, e sim defender a população que está sem água. Conheço os lados
positivos e negativos da empresa. Lamento a falta de alinhamento da gestão
municipal e da estadual. Sou a favor de que sejam resolvidos os problemas de
esgoto, de saneamento e distribuição, mas fazem reuniões as escondidas e querem
que eu vote a favor disso. Querem privatizar a saúde, a água, já privatizaram
as ruas, o que falta mais?”, questionou o parlamentar.
Membro da CCJ, o vereador Adhemar Freitas Junior (SDD) manifestou
satisfação pelo expressivo número de secretários na Casa para discutir o
assunto e enfatizou a importância da audiência para esclarecimentos e dar
embasamento para os membros da comissão elaborarem o parecer técnico.
“O tema é intrigante e a sociedade
precisa participar do que é diretamente relacionado ao futuro de Imperatriz,
sobre abastecimento de água e esgotamento sanitário. Precisamos avançar muito e,
a partir desta audiência, encontremos soluções reais. Viabilidades técnicas do
que uma superintendência vai proporcionar para a cidade. Não podemos tomar uma
decisão de tamanha importância sem saber os detalhes. As dificuldades de
abastecimento e tratamento de água são muito superiores para a simples
municipalização resolver, por isso precisamos de todas as explicações para
votarmos de forma segura”, adiantou Adhemar.
Aurélio Gomes (PT) colocou em dúvida
os verdadeiros motivos da criação da superintendência, reforçou a necessidade
de melhorias na prestação de serviço, mas reforçou ser contrário as mudanças
que buscam privatizar a Caema.
“Querem criar uma superintendência,
mas até agora não entendi a criação dessa entidade. A CAEMA tem um contrato com
a prefeitura e esse projeto é só um pano de fundo para desviar a atenção dos
outros problemas. A empresa de águas apesar de precisar melhorar, presta um
grande serviço para a cidade. Se privatizar vamos pagar o dobro e a água não
vai chegar. É o que acontece em todos os lugares que foi terceirizado. Onde não
dá lucro a água não chega. Agora não é momento de aumentar contas e sim do
executivo se preocupar com saúde, infraestrutura e educação. Torço para que o
prefeito dê certo, mas são muitos erros, muito recurso e a cidade não avança.
Em todos os setores é só dificuldade”, explicou o vereador ao apresentar seu
posicionamento.
Alex Silva (PL) fez questão de dizer
que sempre recebeu um bom atendimento por parte da diretoria da Caema, mas que
por não compreender algumas dificuldades na prestação de serviço acredita que o
projeto do Executivo será uma solução para os problemas que a população
enfrenta.
“ No Colinas Park a empresa de água
é terceirizada, se paga R$ 30 reais e não falta água, já no Nova vitória é
gerido pela CAEMA, custa R$ 50 reais e falta constantemente. O povo precisa do
líquido precioso e o que for preciso para que eu consiga melhorias para àqueles
que me deram a oportunidade e confiança para estar aqui, eu vou fazer. Se é
pela prefeitura, pelo governo do estado ou por terceirização, não importa, vou
lutar pelo que é melhor para o coletivo e estarei sempre ao lado do povo”, justificou
o vereador.
O vereador Rogério Avelino (DEM) ao
relatar os problemas que a população enfrenta no abastecimento de água, cobrou
por parte da empresa a apresentação de um plano com metas e projetos futuros.
“Se a CAEMA tem algum plano para melhorar
o fornecimento de água no município que mostre isso, pois hoje é péssima a
prestação de serviço e há décadas jogam esgoto no rio. A CAEMA já funciona
terceirizada com as empresas de cortes e cobranças, mas é omitido por quem é do
governo do estado”, lembrou o vereador.
“ Quando entendemos a necessidade e
a verdade do que as pessoas vivem é que sabemos como as coisas são. O meio
ambiente que é agredido initerruptamente deve ser analisado para que não
tomemos a decisão errada. 75% da cidade não tem esgoto e isso deve ser
resolvido. O rio está clamando e é sobre isso que devemos discutir, sem
interesses, sem cabo de guerra e sem politicagem”, opinou a vereadora Cláudia
Batista (PTB).
“A prefeitura já arrecada muito e
não traz resultados para a cidade. Quem vai aprovar esse projeto ou não, somos
nós vereadores, os representantes do povo, mas nenhum foi convidado pela
prefeitura para discutir esse projeto, nem os da base. Discussão de CAEMA é
antiga, mas a prefeitura só pensa em arrecadar. Quanto é arrecadado na zona
azul, de IPTU, multas na SETRAN. Só se pensa em arrecadação, sem retorno para a
municipalidade. A cidade está cheia de superintendências e não trazem nada de
bom para Imperatriz”, afirmou Bebé Taxista (AVANTE).
O vereador Wanderson Manchinha (PSB)
confirmou que, após o debate e análise do projeto, compreendeu que realmente
não está sendo criado cargos com a criação proposta, o que não trará gastos
para os cofres públicos, mas questionou se a superintendência será a solução
para os problemas.
“Representantes da prefeitura
falaram muito aqui que a CAEMA não responde ofícios, mas o município também não
responde nada que os vereadores pedem. As pessoas não acreditam que teremos uma
água de qualidade, pois hoje não temos remédio no Socorrão, nem coleta de lixo
boa, nem asfalto descente mesmo possuindo uma usina de asfalto e, agora querem
convencer que teremos resolvido o problema da água e isso é contraditório
demais. Querem privatizar o abastecimento assim como querem privatizar o
Hospital Municipal”, disse o vereador.
No intuito de garantir a
participação de toda a sociedade, a audiência foi transmitida Ao Vivo pelo
Youtube da Casa e pode ser acessada na íntegra no Canal da Casa para a
população que não esteve no plenário e pretende saber mais detalhes sobre o
debate.